terça-feira, 19 de março de 2013

sábado, 16 de março de 2013

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A terra voltou a sangrar
Os meus demónios voltaram a lutar
Suas lágrimas que correram
Encheram o vermelho mar

Sonhos acordados
Passos a vaguear
Relâmpagos e tornados
Na minha mente a dançar

Um anjo lembrado pela dor
Esquecido em tempos de amor
Seus olhos brancos
E sua alma da mesma cor

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Um mundo sem cor



  O sol cinzento brilhava no céu escuro da mesma cor, o seu brilho não alterando de qualquer forma a essência dos sítios que tocava. Ao longe e ao perto, um som morto fazia-se sentir, não transmitindo qualquer tipo de emoção ou expressão. Os homens e as mulheres, também estes aparentemente inexpressivos, andavam pelas ruas sem cor e sem vida, sem parecerem ter um destino concreto, todos estes vestindo as mesmas roupas e todos estes empregando as mesmas características físicas.
  Os edifícios da cidade, toda esta desenhada da mesma forma mecânica, erguiam-se contra o vento, todos a cantar para o ar a mesma melancólica canção. As pessoas empregues nestes prédios todas fazem o mesmo trabalho da mesma forma, não se distinguindo uns dos outros de qualquer forma. Quando saem, limitam-se a abandonar o seu respetivo edifício num calmo silêncio, voltando para casa olhando apenas para a pedra cinzenta que têm aos pés.  
  O caminho partilhado por estes trabalhadores é todo igual, com o mesmo chão pardo, repleto das mesmas árvores tristes cujas folhas incolores lentamente vão caindo ao chão em direção á morte.
  Ao chegarem às respetivas casas, cinzentas e vazias de emoção, cumprimentam as suas famílias apenas com um olhar inemotivo e uma palavra vazia. Dentro destas não existe nenhum meio de entretenimento nem de distração da sua vida monótona.
  Ao longe, numa escola da cidade, os alunos que partilham as salas de aula ouvem em pleno sossego os seus professores a lecionar a sua matéria, da mesma forma aborrecida e sem vida, com os seus olhares fixos neles. No exterior da escola não existe nada que faça com que os seus alunos desviem o seu olhar opaco do professor.
  A ausência dos critérios mais básicos de beleza faz com que as pessoas que vivem neste mundo não consigam olhar de duas maneiras para a mesma coisa ou ter duas opiniões diferentes sobre o mesmo objeto ou a mesma paisagem. Não existe discriminação em relação a raças, religiões ou orientações sexuais, mas ao mesmo tempo não existe a diversidade que dá cor e beleza ao mundo que nós conhecemos.
   Um mundo sem cor seria, por um lado beneficiário para as pessoas que sofrem de discriminação, mas ao mesmo tempo seria um lugar onde ninguém seria diferente e se destaca-se sequer pelo lado positivo. Um lugar assim seria triste e desumano e faz-nos pensar que se calhar tudo o que existe de bom e de mau no nosso mundo é necessário para que possamos todos viver dentro deste.